domingo, 17 de fevereiro de 2013

Concentrem-se!!

Por vezes, pergunto-me como é que hei-de pedir uma factura de um café. Aqui não há número de contribuinte... se vou a Portugal de férias, que hei-de fazer?! Eu rio-me com as possibilidades que me surgem e que sei que deixariam um inspector das finanças atarantado... :D
No entanto, não é tema que me tire o sono, como anda a tirar a toda a gente.

O problema todo é que as pessoas não entendem que se estão a concentrar no ponto errado!!!

Lá na loja a maior parte dos clientes dizia que não queria o talão porque não se pode descontar no IRS. Ouvia esta piada inúmeras vezes ao dia! O papel sai automaticamente. Por causa disso, eu proibi os miúdos de fazerem compras às pingunhas. Simplesmente para poupar papel, pois alguns são capazes de fazer 5 compras consecutivas!!!

Mas, senhores!!, factura de um café não pesa a ninguém. Trazem o  papel, deitam-no no caixote do lixo mais próximo e não se aborrecem.

No entanto, sou da opinião que as pessoas não deveriam ter sido obrigadas a mudar as caixas. Já foram tomar uma ginjinha à baixa de Lisboa?!? A coisa ficou mesmo descaracterizada!! Devia ter sido progressivo: todas as casas que abrissem de novo deveriam ter caixas novas, e conforme os comerciantes tivessem que mudar as caixas (porque avariam) a reposição seria feita só com novas. Escusavam os comerciantes de andar aí feitos doidos...

Considero ainda que toda a gente deve pagar e não bufar (devia ser pagamento à proporção!), logo, se a solução for as facturas, que sejam as facturas... Embora eu não acredite nada nisso. Basta haver confiança entre o cliente e o funcionário para se registar só um café no lugar de dois cafés e duas natas... A factura sai na mesma, o cliente está imune às finanças e o vendedor fugiu na mesma ao fisco...

Em vez de andarem a chamar filhos disto e daquilo aos funcionários da finanças (que só fazem o que lhe mandam, quer gostem, quer não gostem), as pessoas deviam concentrar-se em pedir contas a quem de direito. Perguntar aos senhores grandes onde estão as facturas verdadeiras de despesas tantas obras que ninguém sabe para que foram feitas, de despesas de almoços fartos em certas assembleias, facturas de festas de inauguração, de compra de bancos falidos, de estudos orçamentais de projectos megalómanos inconportáveis para um país como Portugal...
Isso, sim, seria a revolta correcta. Seria a justiça merecida.

Olhem para o que é necessário, chamem os outros à razão, chamem-lhes nomes... mas, por favor, também não desçam demasiado o nível como o outro que mandou o outro it "tomar no cu"... É que há um limite que, ao ser ultrapassado, nos tira a razão!

Exactamente por falhar!

Errei mais de 9.000 cestas e perdi quase 300 jogos.
Em 26 diferentes finais de partidas fui encarregado de jogar a bola que venceria o jogo... e falhei. Eu tenho uma história repleta de falhas e fracassos em minha vida.
E é exatamente por isso que sou um sucesso.

Michael Jordan

A minha primeira vez

Considero que quem dá uma prenda deve ter em atenção o gosto de quem recebe. Mas quem recebe, se não gostar, também deve ter o cuidado de não melindrar quem tanto esforço fez para comprar uma prenda simpática. Assim, nunca recusei uma prenda. Mesmo que não me agrade, agradeço e depois dou-lhe um jeito (normalmente guardo a prenda durante um tempo e depois encaminho para quem gosta ou para a caridade).

A minha mãe caiu no erro de, há já uns quantos anos, me oferecer como prenda de Natal um telemóvel. Odiei!!! Foi o meu primeiro telemóvel e não vi utilidade naquilo (tantos anos volvidos continuo a não achar assim tão importante). Deu-me uma raiva!!
Um ano ou dois depois, a minha mãe voltou a falhar. Mas dessa vez foi flagrante!! Como eu tinha entrado para a faculdade, ela teve e brilhante ideia de me comprar um anel em ouro com a pedra da cor do curso (não era o anel de curso!!). Eu chorei de raiva. Não gosto de aneis finos e detesto a cor dourada!!!

Depois a senhora começou a ter juízo e lá acerta mais ou menos na mosca, embora eu acabe por descobrir sempre o que é, muito antes do tempo!!! :/ Mas mesmo com estes falhanços da minha mãe, nunca recusei uma prenda... até Sexta-feira passada...

Ora bem, como sempre, fui trabalhar das 6h à 8h e depois das 18h às 20h. Era a minha última Sexta-feira no meio daqueles doidos!! Quando cheguei às 18h, estava minha ex-patroa na conversa com uma amiga. Eu cumprimentei e fui trabalhar que é para isso que me pagam [mal]. Andava eu a tentar cozer pão (a outra empregada que foi metida às três pancadas porque tem otro emprego e aceita o ordenado de miséria que lhe dão e que esteve a trabalhar a tarde toda, se continuar assim... a loja não vai lá mesmo!) quando me aparece a palerma da minha EX-patroa à frente com um vaso de narcisos e um envelope na mão.

Pois eu fui o cumulo da má-educação (sem recurso a palavrões!). Ela estava pedir-me para irmos ao "backoffice" para ela me poder dar aquilo e falar comigo. Eu disse-lhe que NÃO. Não quero nada. Não falo contigo a não ser sobre trabalho. É trabalho? Ela disse que não e perguntou porquê. É óbvio, oh minha parva!!! [não disse, mas pensei] O que eu queria era ter trabalhado sem stress até encontrar um novo trabalho. O que eu queria era não me ter despedido sob pressão. Agora... para narciso basta-me o meu irmão!!!

Ai eu deixo ali e tu fazes o que quiseres. Se quiseres levar... Eu disse-lhe que me era igual, que ela podia fazer o que quisesse. E quando me vim embora deixei lá as flores, juntamente com as t-shirts e a chave da loja.

Fui grosseira? Se calhar até fui. Mas... não desce o que eles me fizeram e não aceito que esta canalhada pense que me compra com flores... 

Nunca tinha feito tal proeza, nunca pensei que o viesse a fazer, mas nunca me soube tão bem dizer um não a alguma coisa.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

as (in)sanidades das perguntas difíceis

Com muita pena minha, eu não conheci a minha avó materna. Era, pensa-se, esquizofrénica. Quando tinha crises destruía tudo, uma vez quase que matou o meu avô. Muita gente se perguntava onde ela ia buscar força para certas coisas. Mas toda a gente diz que ela era um amor de pessoa quando não estava "possuída". Não sei se é por sempre ter ouvido falar da doença mental em casa, se é por outro motivo qualquer, mas eu respeito muito os doentes mentais.

No entanto, quando me passo, uso nomes carinhosos como esquizofrénico, doido, maluco, tonto para desabafar contra gente que me tenta destruir a sanidade mental. Há quem diga que é uma falta de respeito fazer isso, eu acho que o facto de eu chamar esquizofrénico a uma pessoa "normal" porque tem um comportamento "anormal" não me faz desvalorizar a minha avó e/ou os outros "verdadeiros doentes".

Ontem, que raiva!, dei comigo a chamar, mentalmente, esses nomes todos à minha patroa. Deu-me uma vontade enorme de lhe bater e perguntar se estava a filmar-me para o Candid Camera...

Aparece a meio da manhã, com falinhas mansas. E, segundo as palavras dela, com uma pergunta difícil: será que podes trabalhar a última semana de Fevereiro? O R. [o marido] tem uma semana de projecto na escola e não pode trabalhar. Eu sei que te despediste e não te vou obrigar a trabalhar até ao fim do mês [estou a ver aqui intimidação?!? ela poderia fazê-lo, se tivesse rebatido na hora certa a minha carta de despedimento], mas se puesses... eu pagava-te o ordenado todo. [ah! aqui é tentativa de suborno, mas se ela me pagar o ordenado todo nãoz fa mais do que a sua obrigação]

Obviamente que eu me demiti, obviamente que eu não volto atrás com a minha palavra. Muito menos para facilitar a vida de quem tramou a minha.

Ah. porque fica bem se trabalhares depois de te despedires [fica mesmo, os do centro de emprego gostam dessas coisas, a sério!]. E coiso e tal e eu não sei quê... [aqui é o quê? graxa?!]

What????? Primeiro é o meu alemão que não vale nada e os clientes não fazem encomendas comigo e a dois dias de eu bater a porta vem esta conversa?!?! Ela acha que no fim de me dizer que a senhora E. reclamou do meu alemão e não fazia encomendas comigo eu agora ia na conversa primeiro intimidatória e depois melosa dela?!?! [já agora, eu não acreditava que a senhora tivesse dito isso e ontem tive prova de que o patrão até para a mulher dele é um mentiroso do caraças para a mulher, pois a tal senhora ontem foi lá fazer uma encomenda comigo e fez outra hoje!!!]

Desculpem lá, mas, para mim, isto é de gente louca que quer pôr o resto das pessoas a bater mal... Há aqui uma bipolaridade ou uma mania qualquer. Porque gente normal não diz uma coisa e faz outra. Ou faz e afinal sou eu a louca?!?!

A minha sorte é que ainda há gente sã à minha volta e me tem dado um apoio fantástico. Desde tentarem arranjar trabalho para mim, passando por ofertas de carinho, amizade e até prendas.
Ontem recebi esta mini-orquídea e um postal com  umas palavras lindas da minha colega M.. trabalhámos algum tempo juntas e foi ela que me mostrou muito do que os suíços e os portugueses podem ter em comum...

Quanto à minha patroa... ela que vá pentear macacos, porque a pergunta não era difícil. O que era difícil era ouvir a resposta que ela já sabia que eu ia dar...


terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Bright Side...

Alguém publicou hoje de manhã no livro das caras uma imagem com um Sol sorridente e uma 'filosofia' que me fez chorar: A vida sempre te oferece uma nova chance. Isso se chama amanhecer. Tendo em conta que o meu neurologista ontem me deu más notícias, eu estava-me a borrifar para o amanhecer, que hoje também não foi nada de especial numa manhã de muita neve.

De tarde, sem vontade nenhuuuuuma, fui trabalhar. Os meus patrões não prestam, mas eu hei-de sair daquela loja de folha limpa, como sempre!!!

Ainda bem que fui trabalhar. Os clientes dão-me festas ao ego constantemente!!

Ora bem, um senhor apareceu lá e disse-me que andou a ver as questões legais por mim. Ainda antes das minhas férias eu tinha perguntado se ele tinha trabalho para mim (ele trabalha numa firma de trabalhos temporários), mas ele disse-me que normalmente só trabalha com homens e com o departamento da construção civil. Mas, como é óbvio!!, também quis saber o que se passou. Fiz-lhe um resumo e ele disse-me que eles não podiam fazer pressão, que estavam a  mentir em relação ao meu alemão e por aí fora. Hoje esteve a explicar-me no que é que a lei protegia aqueles dois e no que é que eu estava protegida. O homem perdeu tempo comigo!! Eu sinto-me feliz. Mas não ficou por aqui. Disse-me para eu dar o contacto dele no centro de emprego (naquelas coisas de carimbar) que tinha o prazer de confirmar que falou comigo. Deu-me o cartão dele e, de repente: Olha. manda na mesma o teu currículo. Nunca se sabe o que pode um dia aparecer. Apertou-me a mão, desejou-me tudo de bom e foi-se embora! Oh pá! Oh pá!! Fiquei tão feliz!!

Depois... apareceu-me lá a louca que andou à procura de trabalho para mim. Eu disse-lhe que ia embora, mas que ainda andava à procura de trabalho (eu digo a toda a gente, assim, quando não me virem por lá, ninguém pode inventar histórias sobre a minha saída!!). Começou logo com ideias para tramar os patrões (meter baixa e coisas do género), disse-lhe que não estava para aí virada, mas que agradecia a ideia. No seguimento da conversa, lá me deu o nome de uns sites (eu já conhecia) onde eu devia procurar e ainda me sugeriu um trabalho muito específico a que ela acha que me devo candidatar. Por momentos ela parecida estar a falar para uma retardada. Mas a dica de trabalho foi tão boa que eu ignorei por completo...

Pronto... ontem o neurologista não foi nada animador, mas estas carícias ao ego deram-me anesteisa suficiente para esquecer a esclerose e a sua progressão por umas horas e ao final do dia acabei por ver o tal do amanhecer...


Always Look on the Bright Side of Life

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Eu sou uma abençoada

A Suíça é um país neutro, toda a gente sabe. Mas é, ao que me parece, dos países com melhor preparação para a guerra.

Todos os homens são obrigados a cumprir serviço militar até aos 40 anos (o serviço militar tem outros contornos por estas bandas).
As casas têm (quase) todas um bunker. Falando em bunkers... há imensos espalhados pelo território suíço. Uns já só são referência histórica. Outros estão disfarçados na paisagem da forma mais estranha possível. Na minha cidade, escondido num sítio que só alguns conhecem com precisão, está um hospital subterrâneo com tecnologia de ponta (e parece que há mais, noutras cidades). Como podem ver, não é só o CERN que está debaixo de terra!!!

No entanto, uma pessoa pergunta-se: com tanta coisa, como é que os civis se arranjam se realmente rebentar uma guerra?!?!
Ora bem, os bunkers são inspeccionados de tempos a tempos e têm uma tabuleta qe indica a capacidade do espaço e/ou o bunker com mais capacidade nas imediações.
Mais!, caso haja uma ameaça os civis sabem que quando soar a sirene devem enfiar-se nos abrigos.

Mas, pergunta-se uma pessoa uma vez mais, como é que os civis sabem que é uma sirene de guerra?!?! Simples: nesta terra não há sirenes. Os bombeiros não fazem a sirene soar sempre que há acidente ou incêndio, pois não é regime de voluntariado, mas sim profissional. As fábricas ou outras empresas?!? Quando têm uma sirene... parece uma corneta de plástico de uma criança!!!
Assim, quando soar uma sirene, sem ser na primeira Quarta-feira de Fevereiro, qualquer civil sabe que tem que se proteger.

Agora o leitor pergunta-se, primeira Quarta-feira de Fevereiro?!? que que isso dizer?!?!
Simples: na primeira Quarta-feira de Fevereiro as sirenes são testadas.
Desde que vim para cá morar, calhou eu ter férias sempre nesta altura e nunca tinha presenciado um teste de sirenes.
Calhou este ano. Tive que ir ao centro da cidade, saí do autocarro e comecei a andar descansada. De repente, ouço um som estridente. Num primeiro momento, pareceram-me os bombeiros, mas vi que aquela sereia era muito mais forte, muito mais potente. De repente, oiço outro som mais ténue, ao longe.
Digo-vos, as lágrimas vieram-me aos olhos!! Eu sempre ouvi a sirene dos bombeiros e a sirene de uma fábrica da minha terra. Se antes achava que era um som deprimente e incomodativo, agora acho que me vai parecer uma valsa...
As sirenes assim... fortes e em simultâneo... arrepia!!! Perturba!!! Se só de ouvir um teste, e que eu sabia que existia, eu ia tendo um treco... imagine-se aquelas pessoas que vivem por esse mundo fora com sirenes e máscaras de gás e alertas e recolher obrigatório...

Assim, minha gente!, para quem acredita e até para quem não acredita em algo superior, levantem as mãos para o alto todos aqueles que nunca presenciaram uma guerra, porque são mesmo uns abençoados!