domingo, 31 de março de 2013

Indeed!

"Nunca duvide de que um pequeno grupo de pessoas conscientes e empenhadas possa mudar o mundo. De fato, sempre foi assim que o mundo mudou." Margaret Mead

Cá me parece que a Margaret Mead é uma pessoa muito mal formada e discirminadora. Então só quem veste fato é que muda o mundo?!?

quinta-feira, 28 de março de 2013

Desabituação!

Ao apanhar o autocarro para regressar a casa ia apanhando uma chapada de uma garotinha que estava a bater à mãe.Sentei-me no banco atrás delas (era o único livre) e tive 10 minutos de circo grátis...
A miúda era birrenta e a mãe uma descontrolada. Em vez de ser firme, pega nela, deita-a no colo e espeta-lhe três palmadas. A miúda aninha-se no chão, um choro de birra que lhe passa uns segundos depois. Entretanto vê os folhetos dos horários e resolve que quer um e não descnasa enquanto não o consegue. Mas como não sabe ler, espeta-o no chão. A mãe apanha-o e dá-lhe uma reprimenda. A miúda tira o folheto da mão da mãe e atira-o ao chão. A mãe apanha-o e repreende-a. Ela tira e deita ao chão. A mãe passa-se, pega nela outra vez e espeta-lhe mais umas palmadas. Novamente berreiro de birra!! Já toda a gente olhava e se ria com aquela cena. As primeiras palmadas foram reprovadas, mas depois de se ver que aquilo era birra e que a mãe não tinha mão nela... ninguém quis saber...

A mim fez-me confusão a birra. ODEIO crianças birrentas. Mas quando a mãe lhe deu as palmadas é que eu choquei. Nunca tinha visto uma criança a levar porrada nesta terra. Nem para sacudir o pó! E de repente... uma pessoa até fica meia zonza...

sábado, 23 de março de 2013

Mach Freu(n)de - Schreib Karten

 
 Andava no supermercado às compras quando me deu na telha de ir a uma loja de velharias ali perto. Não sou uma pessoa de fazer compras, mas gosto de passar nestas lojas. Encontram-se bagatelas e raridades que valem a paciência de andar nas compras. Andava entretida quando encontrei vários conjuntos de envelopes com selos colados. Não dizia quantos eram por pacote, mas pareceu-me que valia o investimento. Valeu!
Cheguei a casa, qual miúdo com brinquedo novo, agarrei-me logo a eles: cortei o selos dos envelopes, para ser mais fácil tirar a cola e separei-os em dois grandes grupos: selos suíços e selos do resto do mundo. Nessas lides descobri envelopes com cartas. Comecei a reparar que era sempre a mesma família. Aprendi uma montanha de coisas do Mundo e da Suíça. E sem querer ser abelhuda acabei por conhecer uma família só através dos seus envelopes e selos. GENIAL!

Eram selos desde a década de 70 até quase ao fim da década de 90 do século passado. Em três décadas o que descobri eu?
A Maya (por vezes grafada pelos remetentes Maja [j=i em alemão]) vivia em Elgg na  década de 70, sendo que em 1972 ainda não era casada. Já na altura coleccionava selos e os amigos eram uns queridos, pois compravam a colecção toda e colavam-ma "de qualquer maneira" nos envelopes, só para ela poder ter selos para si.
Na década de 1980 estava a morar aqui na minha cidade e comunicava-se com alguma regularidade com uns amigos que viveram durante um tempo no Canadá e que, antes de regressarem à Suíça, viajaram por vários países do mundo. Pelo menos em 1988 já era casada, pois o sobrenome nos envelopes mudou e muitas vezes eram endereçados à família completa.
Na década de 90 a Maya e o Ruedi (diminutivo de Rudolf [eu não sabia, mas aprendi com as cartas]) tinham um filho com o nome de Michael e moravam num cantão que faz fronteira com o meu e com a Alemanha.
Parece-me que eram apreciadores de vinho, pois encontrei vários envelopes de diferentes casas de vinhos. Sei que alguns anos depois do casamento o marido usou um envelope para deixar um recado à mulher e dizer-lhe que a amava (snif! snif!). Quando viajavam deviam usar uma agência de viagens de Singen (Alemanha), pois encontrei vários os envelopes de agências dessa cidade.
E parece-me que ela já morreu. Os selos eram carimbados até ao fim de 90. E que filatelista pega em centenas de selos (ai tanto trabalho que vou ter!!) e os deixa "de qualquer maneira" numa loja de velharias para serem vendidos ao desbarato?!? Para mim, a senhora morreu e a família desfez-se do que já não interessava. Seja qual for a razão, eu fiquei a ganhar!

As coisas que aprendi do Mundo e da Suíça (sem analisar selos) também são interessantes.
Da Austrália veio um envelope para Schaffausen, Switzerland, Europe. Será que eles precisam mesmo disso?!?
Percebi que, de país para país, há várias formas de dizer que é correio de avião: o envelope com riscas azuis e vermelhas, generalizado pelo mundo todo; by air, escrito à mão, chega para sair da Austrália; em Singapura usaram um carimbo fofo com um avião azul e as palavras via air mail a vermelho.

Com os carimbos não se fica só a saber a data e o local em que foi depositado o envelope. Aqui na Suíça servem para mais coisas: assinalar aniversários do país, de um cantão ou de uma aldeia; servem para anunciar mercados de ovos de Páscoa  em Berna (1988), mercados de Outono, feiras de sei lá mais o quê; fazem-se campanhas contra a fome, contra o abandono e advertem-se os pais para os perigos dos produtos de limpeza que os filhos podem ingerir.
Com a pilha descobri também que em 1987 só se pagava 40 cêntimos de franco (não sei se era correio rápido ou não) para um envio que hoje custa, no mínimo  85 cêntimos (preço correio normal).
Com os envelopes escritos na Suíça confirmei o que já sei há muito tempo: os correios suíços são muuuuuito eficientes. Ele era nomes mal escritos, ruas inexistentes, números de porta numa cidade?!? O que é isso?!?! Não é preciso pôr... E os selos espalhados pelo envelope todo ou uma morada a encher a frente toda?!?! Não são nada de especial para os senhores que vestem cinzento e amarelo!! :D

Do Mundo aprendi também que em 1987 já havia Newsletter (pelo menos era o que vinha escrito por fora), mas que chegavam da Coreia por correio, nada de E-mails para a coisa... :D Quando se enganavam, por exemplo no Japão, eles usavam corrector de pincel como qualquer comum mortal poderia fazer em 1980-e-qualquer-coisa. E por falar do Japão,,, estive com uns envelopes na mão... um papel suaaaaave. Dava vonatde de ter lençóis feitos com aquele material!
No meio de envelopes gigantes, roxos, brancos, verdes, pequeninos, com autocolantes, buracos em forma de coração, escrito a azul, tinta permantente, dourado, branco (não, não me enganei), com pinturas e borrões, encontrei um bastante interessante. Foi enviado de Mallorca para a senhora mencionada mais acima quando ela ainda era solteira. A amiga comprou a colecção toda de selos e prometia-lhe um cacto que tinha andado a arrancar algures na ilha. No verso do envelope, tem-se a foto de uma baía, feita de um monte ou de uma "máquina voadora" qualquer, pois a foto é muito "aérea".

Voltando aos carimbos, para terminar, destaco os que  me cativaram mesmo muito: um era de Singapura e recomendava: Please post early for Xmas (foi o vice-presidente do Credit Suisse que recebeu este envelope).
Havia ainda o apelo à escrita de postais e cartas: Schreibst Du mir, so schreib'ich Dir (escreves-me, então eu escrevo-te); Schreib mal wieder (escreve de novo/de volta) [este era da Alemana]). E o meu favorito está mesmo no título deste post: Faz alegria (Freude)/amigos(Freunde) - escreve postais.

Com meia dúzia de francos e em duas ou três horas que estive de volta destes quadradinhos... eu descobri um Mundo. Dá ou não dá alegria escrever aos amigos, enviar cartas e receber postais?!?!

terça-feira, 19 de março de 2013

Há dias e nomes...

Quando os suíços começam a falar mal dos nomes portugueses eu pergunto-lhes se são filhos só do pai. Eu consigo compreender que uma mulher não queira o nome do marido, mas os filhos... sorry:  embora eu só use o nome da minha mãe, acho que gente normal tem nome de pai e de mãe.

No entanto, hoje, finalmente!!!, percebi por que raio eles só usam o nome do pai.
Como eles têm dia da mãe, mas não têm do pai compensam usando só o nome do pai no bilhete de identidade... Desse modo não ficam invejosos uns dos outros... :p

Não estou inspirada para escrever um texto com piada a sério. :s  Mas não queria deixar passar isto em branco. Assim, aqui fica uma info adicional: eu estou a ser irónica na parte da inveja, mas verdadeira na parte de não haver maketing e vendas referentes ao dia do pai (que é só isso o que o dia do pai é para muita gente)!

sábado, 16 de março de 2013

Pois... coiso e... não sei...

Na Quinta-feira fui ajudar uma velhota que magoou um pulso. Depois do trabalho feito estivemos a tomar café e na conversa durante muito tempo. Lá pelo meio, num contexto que não se ligava propriamente ao ensino, ela diz-me você seria uma boa professora. E daí encaminhámos a conversa para as dificuldades que existem: o sistema de ensino em Portugal; a situação económica em Portugal; a falta de interesse dos portugueses por estas bandas; a falta de interesse dos suíços em aprender a língua de Camões e a minha incapacidade de ensinar a língua de Jorge Amado. E por aqui nos ficámos.

Mas eu tenho visto que, por outros motivos, me seria praticamente impossível ir dar aulas agora.

O Português, de vez em quando, escapa-me. Não estou a falar de misturar palavras alemãs no meu discurso (normalmente acontece ao contrário), mas certas palavras, certas estruturas, pontuação, até a entoação (pelo que me disse uma colega há já uns anos)… por influência do alemão, a coisa tem-se tornado complicada!

Claro que podem alguns perguntar: ah! Mas tu só estás aí há 4 anos e pouco… como pode falhar o português?!? São duas simples explicações. Uma, eu só falo português em casa. Não tenho contacto com mais ninguém falante de Língua Portuguesa a não ser com os meus pais. A outra eu explico mais à frente.

Outro motivo tem mesmo a ver com a nomenclatura adoptada actualmente. Eu estagiei numa escola que usava uma gramática que tinha um autocolante elucidativo: com a nova terminologia para ensino básico e secundário. Quando se abria via-se, “a oração/frase é…” Decidam-se… é frase ou oração?!? Andava a TLEBS ainda meia indefinida e eu vim-me embora. Hoje não sei a quantas se anda… então, como posso eu seguir com a ideia de dar aulas (pelos menos sem voltar a aprender)?!?!

A razão que prometi lá para trás é uma mistura de coisas:
O belo do acordo ortográfico!!!

Como fizeram a coisa por decreto, está toda a gente baralhada… Há os que se adaptam, os que não se adaptam. Há os que até se querem adaptar, mas não percebem nada do assunto porque não há explicação decente, não há formação e tudo e tudo e tudo. Assim, muito do que se lê por aí é uma rebaldaria e acaba por não se saber bem o que prevalece… Com o meu contacto com o Português reduzido ao mínimo, como posso eu orientar-me?!? (Sim, eu sei que há livros que explicam isso. Mas… ler um livro não resolve todos os problemas.)

Contudo, o acordo ortográfico não me complica só por esse lado. Tenho-me perguntado como se explicam certas coisas aos alunos. É certo que à perguntaporquê? feita por um miúdo português, eu posso usar do perfil de ditadora: porque sim. Como estão habituados a ouvir as coisas na rua, na sala de aula, na televisão… é uma solução possível, ainda que muito absurda. Agora… como é que eu explico certas coisas a um suíço?!?

Como é que eu digo a uma pessoa que está aprender a língua de Camões a partir do zero que o /o/ de adoçar não é igual ao de adotar? Como é que explico que o segundo /e/ de espetar não é igual ao de espetador?
 
Como explico que para é uma preposição e para é o verbo parar conjugado na terceira pessoa do plural?

Como é que explico a relação do verbo espectar com o substantivo espetador? Ou o adjectivo egípcio com o substantivo Egito? Não consigo. Não há relação lógica, portanto não consigo explicar.

Não há muitas ofertas de trabalho para professores de Português por estas bandas. Mas se houver… eu não me candidato. Os materiais que existem (eu comprei livros em Portugal há anos, na expectativa de vir a dar aulas cá) são uma porra: eu-tu-ele/ela-nós-vocês-eles/elas. Vocês?!?!

E depois com esta língua imposta por decreto, juntando à falta de rigor de tanta gente que acaba por influenciar negativamente o meu próprio Português… Não! Melhor ficar quieta no meu canto do que ser mais uma a disseminar, ainda que sem querer, a ignorância por esse Mundo fora.

Não digo que ser professora era o meu sonho de criança, porque não era. Maaaas… eu estudei durante seis anos, para agora desistir porque considero que o que aprendi nesses seis anos foi esborratado (seria melhor se fosse apagado, dava para ir estudar do zero, esborratado é algo com vestígios do que lá estava antes) por alguém que, parece-me, ainda entende menos da coisa do que eu.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Ich vermisse euch! Sehr!

O M. tinha um Audi azul e a Sa. um Audi preto. Eram os dois automáticos, mas não sei se eram exactamente o mesmo modelo. Eu não percebo nada de carros mesmo!
Sempre que vejo um Audi com aspecto semelhante penso neles os dois e na falta que me fazem.
Hoje não saí de casa, logo não vi Audis de nenhum tipo ou cor. Mas aqueles dois alemães (o M. que me perdoe, hoje é só alemão) não me saíram da cabeça. Nem a música que eu associo aos dois.

Na minha banda sonora mental, o M. tem músicas separadas da Sa. e vice-versa, mas esta, sei lá porquê, leva-me aos Sábados em que eu os via a "discutir" sobre o sítio onde eu ia trabalhar: produção ou expedição. Quase sempre ganhava o M. e ele ficava feliz da vida porque me dizia onde trabalhar e não tinha que me explicar tudo (palavras dele).



Ryan Star, Brand new day

domingo, 10 de março de 2013

De ouvido...

Com o desemprego, ou temos cuidado ou damos em doidos. Para evitar ficar mais doida do que sempre fui (:D) arranjei mil uma coisas para fazer. Dependendo das horas do dia envio currículos, pinto latas de atum com propósito específico, faço patchwork, transformo frascos de champô em suportes para telemóveis e por aí fora.
Como não tenho um rádio (nunca percebi porquê) acabo por ter a televisão a fazer barulho para não me sentir completamente sozinha. Como eu já vi todos os episódios de todas as séries que me interessam e já não posso com programas de opinião, acabo por não os ver e deixo num dos canais generalistas (normalmente esqueço o canal principal do estado).

Com isso percebi que a TVI, entre novelas novas e reposições, tinha (até anteontem) sete no ar.

A Alexandra Lencastre está nas reposições a seguir ao  jornal da tarde e na novela depois do Jornal.
Também nessas reposições está a actriz Manuela Couto que entra umas quantas horas depois na novela nova que antecede o telejornal.
O Ruy de Carvalho é tio da Alexandra Lencastre às 14h, pai de uma das Alexandras
Lencastres às 21h, depois de ter desaparecido da novela das 22h e qualquer coisa.
Na segunda reposição do dia, a Rita Pereira faz par “quanto mais me bates mais gosto de ti” com o Rodrigo Menezes. Coisa repetida na novela das 21h.
Nesse par (das 21h) entra uma namorada raivosa desempenhada pela Mariana Monteiro que é uma protagonista sem sal na última novela do dia, depois de ter sido uma adolescente rebelde irmã do Rodrigo Menezes na reposição das 18h.

E vou parar por aqui porque a lista seria um absurdo e dar-me-ia muito trabalho a procurar os nomes repetidos (eu costumo ouvir as novelas depois do almoço, mas metade dos nomes dos actores passa-me completamente ao lado)!

Mas o que me aborrece não é isto. Se a TVI quer desgastar a imagem dos actores, que esteja à vontade. É dinheiro privado, façam o que quiserem com ele.
O que realmente me aborrece é a qualidade de tudo o que passa na televisão (seja qual for o canal) que vem a decair de dia para dia. Decadência em todas as vertentes. No entanto, hoje só dou destaque às que noto mais quando estou entretida a olhar para a máquina de costura.

Ele é jornalistas a não saberem distinguir cumprimento de comprimento e a dizerem coisas lindas como comprimento das funções. Quais?! As de matemática?!
Que raio se passa com a colocação de clíticos? Já ninguém sabe o poder de uma negativa (e outras coisas que tais) sobre os clíticos? Ou Ele disse que viu-o. é português ao abrigo de que acordo?!? Em que país?!?!
Depois são as adições das drogas. Isso é o quê? As contas que os traficantes fazem para saberem se os seus revendedores os enganaram?!?
Lembro-me de há tempos ouvir uma publicidade a um artigo que ajudava a suportar o seu bebé. Oh meus amigos!!, coitada da criança que não tem culpa de ser insuportável para a mãe ter que o suportar em vez de a apoiar!
Parabenizar é mau, mas despoletar para equivaler a começar ainda é pior.

Sigamos para outras coisas que se escutam...
Quase não há jornalistas que tratem os entrevistados com formalidade adequada. Tudo o que tenha menos de 25 anos é tuteado por jornalistas de meia tijela. 
Penso que há jornalistas que são frustados, queriam ter apresentado o Caderno Diário como o Pedro Mourinho, como não conseguiram, transformam o jornal das oito no seu ponto de encontro com os tipos fixes e porreiros, pá!, usando uma linguagem banal. Detesto gente armada ao pingarelho que só fala caro, pois os serviços informativos são vistos/ouvidos por todas as classes, mas vamos lá com calma... se é um telejornal não é para coloquialidades a torto e a direito. E as entrevistas a Manéis... que é feito do bom ManUel?!?

A seguir temos os jornalistas com mestrado em arrastanço. Estamos aqui aaaah com o chefe aaaah dos bombeiros para aaaah nos explicar aaaah  o que aaaah se passou aaaah nas últimas horas aaaah... Oh por favor! Podem respirar fundo antes dos directos e parar de falar como se fossem crianças a mentirem ao professor da primária?!?!

E, por fim (do que me apetece mencionar hoje), temos a entoação.
Acho que só li um poema em voz alta em toda a minha vida. Sempre que pude, fugi. Até ao dia em que o meu professor de português do 11.º me obrigou. Era um Romântico. O poema, não o professor. Fiz birra como uma miúda no infantário, mas ele levou a melhor. O professor, não o poema. No fim, passei uma vergonha enorme: Sempre a fugir e afinal leste na perfeição. Xiiii! Ainda hoje fico corada com o elogio! Não sei, nunca gostei de me ouvir a ler poesia, mas ouvir os jornalistas a lerem os textos informativos... em prosa... ME-DO!
São frases que parecem estar concluídas e-de-repente-aparece-mais-informação-que-parecia-faltar-mas-que-não-se-tinha-a-certeza-se-ia-aparecer-ou-não. É informação que fica distorcida, pois não se sabe se é garrafas de vinho, do Porto ou se é garrafas de Vinho do Porto. É a cadência que nos provoca sono ou nos irrita...

Tenho a certeza que, caso estivesse a olhar para o televisor, iria encontrar muito mais o que dizer sobre o português, os milhentos textos em rodapé que escondem as legendas e cansam os olhos dos telespectadores. Mas acho que já chega por hoje.

Desenganem-se (nada de se baralharem como o Vítor Pereira), se continuam a não ter cuidado, se não exigirem excelência, qualquer dia voltamos atrás no tempo e só se ouve barbar barbar...



sábado, 2 de março de 2013

Carta aberta

ao senhor João Salgueiro e tantos outros...
Em dia de manifestação, a minha revolta, mesmo tão longe, é enorme.
Revolta por ver homens feitos a chorar por não saberem como vai ser o futuro. Eu sei que outros também não sabem como vai ser, mas ver um homem de barba rija a chorar... dá-me cabo do sistema!

Mas a revolta ainda ficou maior quando ouvi duas notícias bárbaras!
Uma mostrava uma senhora necessitada de rendimento social que recebeu a bela quantia de 8,91 euros, sim, 8 euros e 91 cêntimos. Eu sei de uma família que recebe de rendimento social e apoio e mais não sei o quê que dá a módica quantia de 700 euros. Sendo que na família de quatro elementos um trabalha a 100% (declarado) e o filho mais novo recebe TUDO  da assistência social ou de quem é de direito, que os pais trabalham sem declarar nada (ou seja, quanto dinheiro entra mesmo naquela casa?!?)... isto... revolta-me...  Revolta-me que esta família tenha gastos como televisão por cabo, telemóveis topo de gama e máquina de secar roupa (SECAR!!!).

A outra notícia tinha a ver com o político/economista com nome de toureiro. Essa deu-me urticária!! Ele tem razão, pode-se ir limpar matas. Ele tem razão, não é vergonha nenhuma um professor servir à mesa, um economista tratar de animais. Não, não é vergonha, não senhor! O senhor tem toda a razão.
Ou então não...

Não seria vergonha se uma pessoa não tivesse investido tempo e dinheiro numa formação que depois vai pleo cano (para isso começavam a limpar matas aos 16 anos, imagine-se o dinheiro que se ganhava [o que era poupado pela falta de estudos e o ordenado de trabalho]!!) Não seria vergonha se o dinheiro que se recebe não fosse ofensivo, como o cheque da tal senhora (só quem está snetado num escritório todo o dia é que não sabe que 400 euros para limpar matas é um preço muito baixo). Não seria vergonha se o ordenado (mesmo que pequeno) não fosse sugado em impostos. Não seria vergonha se a assitência social (médico, escola dos filhos, justiça, etc. e tal) fosse real.

Assim, senhor João Salgueiro, se me garantir um contrato justo e honrado. Se me garantir um ordenado que me permita ter o mesmo nível de vida que eu tenho aqui: casa modesta, roupa [os sapatos costumam ser caros porque preciso que sejam confortáveis, mas também os uso até estarem desfeitos e não compro roupa de marca] comida, um livro ou um CD de vez em quando, luz, internet e telefone (não sou de fazer muitos telefonemas, mas dá jeito ter um telefone ou telemóvel). Se me garantir assistência médica eficiente para a minha esclerose múltipla. Se me garantir justiça social, segurança e tanta outra coisa que eu acho que tenho direito. Se me garantir isso... eu garanto-lhe que me meto no primeiro avião que me aparecer à frente e vou limpar matas, casa de banho ou outra coisa qualquer de Segunda a Sexta, oito horas por dia. Sem stress nenhum!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Consegue garantir-me isso? Se não consegue, não me critique por ter saído do meu país para limpar casas-de-banho por um ordenado que me permite VIVER. Não critique quem sai do país para procurar melhores condições de vida. Não critique quem não sai do país, mas que se recusa a limpar matas por menos de uma "merreca".



Jorge Palma, Grândola, Vila Morena