domingo, 26 de maio de 2013

Não tenho emenda. MESMO!

Como já disse antes, no trabalho eu tento passar despercebida e evito os portugueses. Mas na caixa a coisa é um bocadinho diferente.
Na concorrência há uma mulher portuguesa, com dois sobrenomes que não dão para ser espanhóis, mas ela fala-nos sempre em alemão com sotaque português. Às vezes tenho que morder as bochechas para não me rir à gargalhada, pois o comportamento dela denuncia-a completamente. Então, quando me apercebo que há portugueses na fila, eu falo-lhes na língua de Camões. É um disparate pegado falar em alemão quando eles podem ler o meu crachá!!

Na Quinta estava eu muito bem na caixa quando ouvi uma mãe a apressar o filho. Como o cartão multibanco não funcionava, ela ficou atrapalhada e eu lá lhe disse que não se enervasse com coisa pouca.

Ah fala português. Mas é portuguesa? Não, o meu português 'perfeito' foi aprendido numa semana de férias em Macau. Ah Mas já cá está há muito tempo. Há quase dois meses. Não, refiro-me à Suíça. Perto de cinco anos [fónix!!!! o tempo voa]. E está a trabalhar aqui?!?!? Porquê? Só quem fala alemão suíço de rua e não dá uma para a caixa em alemão de gente é que pode vir para um supermercado? Ou conheces-me há dois segundos e já me achas desqualificada para o serviço?
O problema é que eu cheguei a etsa terra e arregacei as mangas. Fui trabalhando sem deixar a escola de parte. Muitos chegaram e acomodaram-se e agora temem perder as condições de vida que têm. É que a Suíça fechou as fronteiras no dia 1 de Maio para os da União Europeia... Isto não está para brincadeiras! Mas eu ainda não tenho um carro e ela provavelmente tem dois, um na garagem, potente, com mil cavalos, lustroso e que é o que vai à santa terrinha em Agosto e outro pequeno para as voltas do dia a dia. Eu ando a pé e paguei o curso de alemão. Prioridades, simplesmente!

Ah! E é preciso saber falar muito bem alemão para trabalhar aqui? Eles não precisam de gente, nem que seja para limpar? Eu lá lhe expliquei que o nível de alemão ali não é o mais elevado (anda lá um espanhol, que é parente de uma tipa que está na sede, que fala tão bem alemão como eu falo japonês), que estavam a meter sempre gente e que as limpezas são feitas pelos empregados, ou seja, quem entra é para fazer tudo.
E com quem é que eu tenho que falar? Eu disse-lhe que me candidatei pela internet. Recomendei-lhe que fosse ao site e que decidisse se queria usar o formulário electrónico ou se queria madar as coisas por correio.

Ah! Vou fazer isso, vou. Olhe, como é que você se chama? E sem que eu pudesse responder, faz a melhor pergunta de todas: Posso dizer que a conheço?

Mas eu não aprendo MESMO!!!! Por aqui a cunha também existe, chamam-lhe Vitamin B, do verbo beeinflussen (influenciar), passou-se com o tal espanhol, que até me parece boa pessoa, mas... coitadinho nem bom fim-de-semana sabia dizer.
No entanto, em questões de trabalho, o que realmente importa é a recomendação. Há vários tipos: a do antigo patrão, que tem, por lei, que escrever as referências. Um amigo que trabalha na empresa para onde queremos trabalhar. Oh pá ele trabalha bem, vais ver que não te arrependes se o trouxeres para trabalhar connosco... Ou, tal e qual como nos filmes americanos, os nossos amigos escrevem cartas sobre nós para o nosso hipotético futuro patrão.

Seja de que forma for, quem dá a cara por nós, se formos bons, fica  a ganhar. Se formos maus, coitado de quem alindou a carta de recomendação. Por este motivo eu não recomendo ninguém. Nem a minha mãe. Vá! Choquem-se todos!!! Mas a minha mãe sabe que eu não a recomendo. E sabe porquê: ela é uma boa trabalhadora, mas já passou os 55. Pode acontecer que perca as forças (esperemos que não!) e se eu a recomendar... ainda me vem alguém ah pois recomendaste a tua mãe velha e sem força só por ser tua mãe... Assim... não recomendo ninguém. Ajudo a preencher papéis, telefono, traduzo, vou às agências. Mas ninguém me ouvirá a recomendar ninguém a não ser a eu mesma!

Se a minha filosofia de vida é esta até com a minha mãe, como é que eu iria recomendar uma pessoa que estava a ver pela primeira vez?!?!? Disse-lhe com as letras todas que não admitia que ela invocasse o meu nome e que não iria  fazer recomendação nenhuma.

Depois do fecho da loja, fui ter com o meu chefe e disse-lhe que caso aparecesse alguém a pedir trabalho e usando o meu nome eu não me responsabilizava. Que não conheço ninguém, que não recomendo ninguém...

Olha o descaramento desta gente... se fosse uma pessoa que conheço há muito tempo a pedir-me. Eu iria dizer na mesma que não, mas não ficava incomodada. Agora assim?!?!  Não têm noção nenhuma das coisas. E eu continuo a cair na mesma asneira de dar uma oportunidade aos portugueses...

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Como ser eliminado da lista de amigos em 2 segundos

Ele é gente que é apologista da guerra e vai para os murais dos outros destilar ódios patetas. Ele é gente que não faz nada de mal, mas fica com os comentários bloqueados ad eternum. Ele é divulgação de tratamenots de beleza, de saúde física e espiritual e de banha da cobra também. Ele é campanhas de angariação de fundos para salvar a centopeia de 99 patas. Ele é amizades criadas, casamentos destruídos e crianças baptizadas graças ao livro das caras (no Brasil há um Facebookson das Silva, ou perto desse sobrenome, porque o nome bate certo!!).

No mundo cibernético há de tudo. Nós temos é que saber o que quermos para nós. Adicionar desconhecidos é da nossa conta e risco. Gostar de páginas e participar em debates nessas mesmas páginas também. Mas... vem o reverso da moeda. Há muito boa gente que gosta de tudo, adicona tudo, carrega em like para tudo. E nós, os que estamos na lista de amigos, levamos com isso no nosso "mundo" quer queiramos quer não.

A mim irritam-me as filosofias baratas, mas com isso posso viver bem . O que me custa é quando há moralismo ilustrado... Puta que pariu para as mensagens moralistas com cães a desfazerem-se ou bebés a morrer. "Se fosse um homem ou uma mulher pelada teria já mais de 2.000 likes", isto por cima de um bebé cheio de tubos por todo o lado e com uma feriaa do tamanhho de um punho adulto no peito, com o que parecia ser o coração exposto ao ar (pergunto-me se a imagem é verdadeira).

Não sou pessoa de se sentir mal com estas coisas. Comovo-me, mas a nível físico o mais que pode acontecer é eu começar a chorar, mas vem do psicológico. Hoje não foi assim!!
Se eu não estivesse sentada, teria caído para o lado com a imagem que acabei de ver. O sangue subiu-me todo à cabeça, fiquei com os pés gelados e e cabeça a latejar. Não é justo uma criança estar em sofrimento. Não é justo que as pessoas não se preocupem. Mas há gente sensível (e eu nem me considero assim sensível) no outro lado dos nosssos faces.
Porra... tanto querem fazer que estragam tudo. Não é porque eu vejo uma cena destas todos os dias que eu faço mais. Mas garantido é que fico com dores de cabeça. Mesmo antes da hora de dormir!! Faz cá um bem à sociedade!!! Faz cá uma diferença na vida daquela criança pôr os outros mal (e às vezes é só fotoshop!!)...

O certo é que a minha lista de amigos encolheu uma vez mais. A minha vida é um filme de terror. Quero ver publicações com flores, com bonecos, com piadas, com músicas. Aceito likes em notícias de jornal, mesmo que sejam péssimas, pois leio o título e só continuo a ler se quiser. Agora terror psicológico por gente que engole sem mastigar... Thanks, but no thanks!  

A gestão da doença e a doença da gestão

Contam-se pelos dedos de uma mão (e sobra!) o número de vezes que eu fiquei doente, ou fui para casa mais cedo por estar doente, ao longo de 16 anos de trabalho. Apesar de tudo, tenho tido sorte com a saúde.
O aeroporto, foi o sítio onde trabalhei com mais gente ao mesmo tempo. Parecia que todas a semanas havia uma cara nova. Não sei, mas para a minha empresa deveria haver pelo menos 100 empregados de limpeza (sem falar nas limpezas espciais, que normalmente eram feitas durante a semana, logo, eu não conhecia as pessoas e, claro, sem falar nas outras empresas de limpeza). Nesse mar de gente, chegávamos a ter semanas seguidas sem uma única baixa por doença.

Agora no sítio onde trabalho... somos entre as 50 e a 60 pessoas (disse a chefe em funções no dia em que fui experimentar o trabalho, eu não acredito que seja tanta gente, mas vamos fingir que é mesmo). TODAS as semanas está pelo menos uma pessoa doente. Há duas semanas telefonaram-me para eu ir trabalhar em dois dias que estava livre. Num eu nem respondi, já tinha compromisso e quando ouvi o recado era tarde para responder.
A semana passada, na escala de serviço estavam vários K, que é o sinal para krank ou Krankheit (doente ou doença). Ontem, estava eu tão bem a dormir, telefona-me o choninhas do meu chefe a pedir para eu ir trabalhar. Eu disse que não. Tinha um compromisso de ir ajudar uma senhora que anda a recuperar de um acidente. Se eles se organizassem, tinham-me mais vezes na escala e eu combinava as coisas de outra forma com a senhora. Não é à última da hora que eu vou mudar os meus planos. A senhora não se teria importado, mas eles têm que aprender. Se fazemos tudo o que eles querem, qualquer dia não somos donos da nossa vida!!

Mas o mais incrível mesmo é uma empresa como aquela ter sempre alguém doente. Será que é alguma bactéria por por lá anda? Será exaustão (que aquilo aproxima-se do trabalho de escravo)? Ou será simplesmente o vírus da preguicite aguda?!?

Não sei! Não acho normal uma filial ter sempre tanta gente doente, de forma continuada. E não acho normal que eles não façam nada contra isso, por um lado, através de um controlo rigoroso da situação (é que se eles não arranjam substituto,a equipa tem que trabalhar com menos um elemento, doa a quem doer), por outro, o aumento do número de empregados para haver sempre mais disponibilidade de substitutos e para todos se sentirem mais folgados, menos doentes e até menos infectados pela preguiça...

Ou serei eu que acho que gestão de recursos humanos não é a coisa mais complicada do mundo?!?!

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Simples

Tinha coisas para fazer em casa. Muitas. Mas também tinha coisas para fazer nrua. E precisava de apanhar ar.
Saí, pois então.
Fiz o que tinha a fazer e fui-me sentar no meu banco a apanhar uns raios de Sol envergonhados, mas quentes.
Peguei no livro de contos para o começar a ler. Tinha chegado ontem ou anteontem e eu ainda não o tinha cheirado. COmo música de fundo umas obras. Mas não me pertubaram a leitura.
Dois contos depois, com a devida pausa de tira gosto, agora tão comum nos casamentos, chegou um velhote. Cumprimentou-me como se fossemos vizinhos desde sempre. Sentou-se no outro banco.
Peguei no livro para o terceiro conto.
Perto do fim, como se soubesse que também estava quase de saída, ele levantou-se e desejou-me um bom fim de tarde.
E foi.
Com um cumprimento simples como aquele, como não poderia ser?



The Killers, Goodnight, travel well
(lembrei-me desta, mas poderiam ser tantas outras que não têm nada a ver, mas que se ligam a mim de algum modo)

domingo, 12 de maio de 2013

Dia da Mãe

Por aqui é só hoje e tem um doodle diferente do da semana passada. E bem mais bonito. Interactivo. Vamos clicando conforme queremos até chegarmos a um desnho que podemos imprimir. Há quatro momentos para escolher, de cada vez há três opções. Não sei se para cada combinação diferente (ainda são umas quantas) há um desenho diferente. Experimentei dois e já chega...



 
Feliz dia da mães! (que isto do dia da Mãe é como o Natal, não precisa de nacionalidade mesmo...)

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Caixa 3

Lá no trabalho a coisa funciona assim:
A pessoa da caixa 1 está seeeeempra na caixa. Quando há muitos clientes chama a da caixa 2, quando há mais gente chama a da caixa 3 e por aí fora. Normalmente a caixa  6 é usada só aos Sábados.
Quando não são precisas, as pessoas das caixas 2, 3, 4, 5 e 6 andam pela loja a fazer outros trabalhos, começando a abandonar a caixa a pessoa da 6, depois da 5.
Como hoje é feriado, ontem houve uma maior afluência e os "caixeiros" trabalharam mais do que o normal.
Eu era caixa 3. Foi-me atribuída às 2h e só saí de lá às 8h.

Houve um momento que precisei de ir à casa-de-banho. O caos era tanto que fui aguentando. Mas há aquelas alturas que o nosso corpo começa a dar sinal de alarme. E eu estava no desespero. Estavam as caixas 2, 3 e 4 a funcionar. Pensei que dava para fugir 2 minutos e fechei a minha caixa. Que fui eu fazer!!!!

A da caixa 4 teria que sair daí  apouco tempo e começou a mandar o pessoal para a caixa 3. Mas estava lá o aviso a dizer que eu iria fechar depois daquele cliente, então os outros não sabiam o que fazer.
A caixa 4 olha para mim com cara de poucos amigos. Eu lá lhe disse que estava meeeesmo aflita. Então ela tem uma tirada de génio. Reabre a tua caixa, eu fecho a minha e vou trabalhar para a tua. Percebi que dali não levava nada e reabri a minha caixa. Ela fechou a dela e veio ter comigo. E eu disse-lhe que não queria.

Cada caixa começa com 1000 francos que são pesados numa máquina. Por questões de segurança, temos uma password que não permite que ninguém aceda ao "nosso" dinheiro durante todo o dia. E eu ia dar o acesso ao "meu" dinheiro de mão beijada?!?!
Não queres que eu venha? - Não! Eu não quero ninguém a mexer no meu dinheiro. Se ao fim do dia faltarem 1000 francos na caixa eu tenho que me resolver sozinha. Mas se faltar 1 franco e tivermos sido duas na mesma caixa, como é que se resolve?!?!? É que a semana passada aconteceu isso com dois que tarabalharam na mesma caixa e foram 400 francos a faltar (é mais de metade do ordenado nacional português!!!!!!). Eu já gosto pouco de trabalhar na caixa. O dinheiro aflige-me!! Se me acontece uma dessas... tenho um treco!

Assim, encolhi-me toda até haver menos gente e quando a caixa 5 reabriu (não sei por que raio não reabriu a quatro) eu escapei-me os tais dois minutos.

A sorte é ter um corpo que se controla muito bem, porque o meu cérebro ficou muito confuso. Como é que ela não podia continuar na caixa 4, mas podia continuar na minha?!?!? Está gozar comigo ou quê?!?

O que salvou o dia foi o facto de ter trabalhado com o choninhas do meu chefe (choninhas no início era a minha dúvida a falar mais alto, depois percebi que ele é uma pessoa que sabe o que faz e, agora, é uma coisa carinhosa...) e o homem pôs-nos a picar a carta antes das 9h (hora oficial de fecho de turno). Isso nunca me tinha acontecido... 9h30, 9h40, 9h48...

E o que ajudou mais foi eu ter podido fazer estas fotos.
Quando ia trabalhar, desci a rua e olhei para trás, para ver como estava linda e pensei que para a semana devo poder sentar-me lá em cima. Nunca pensando que poderia vir a tirar a foto da noite (eu passo ali perto das 10h, ou até depois, e é escuro como breu). Sentei-me lá em cima, e deixei-me apreciar o silêncio da cidade que adormecia (porque já tinha acalmado há umas horas)...


quarta-feira, 8 de maio de 2013

Mantens a tua opinião, eu mantenho a minha.

Foi assim que uma colega tentou rematar uma troca de ideias sobre essa coisa das actividades de enriquecimento curricular.
Ela é professora de inglês e francês de 3.º ciclo e secundário e está numa coisa dessas. Completamente pró enriquecimento dos putos. Eu também sou a favor do enriquecimento dos putos. Mas não com o que considero uma palhaçada. Portanto, sou contra. No entanto, não queria que ela mudasse de opinião, que eu gosto pouco de carneiros que mudam de caminho só porque um mudou.
Usei como exemplo a experiência da minha família para ser contra isto. E tenho várias histórias de vários concelhos que me permitem ser contra a parte burocrática (contratações e afins, sobre as quais nem me vou pronunciar).

Sempre fui contra os putos estarem horas a fio numa sala de aula. Mesmo que de manhã seja a professora e de tarde seja outra e que seja considerado uma brincadeira... Há tempos li que há médicos que defendem que, por se estar muito fechado em espaços pequenos, os nossos olhos estão a ficar cada vez mais preguiçosos e, por isso, as pessoas vêem cada vez menos ao longe, precisando, consequentemente, de usar óculos. Isto sem se falar das coisas que toooooooooda a gente sabe que fazem bem: ar puro, Sol... Eu acho que se fizessem uma experiência e metessem metade da criançada a escabriolar todas a tardes e a outra a fazer coisinhas giras como inglês e música. Tenho para mim que ganhavam os índios!
Para justificar esta opinião usei, como disse, a minha família. Ah porque tu não és regra. Eu sei que não sou regra. Mas vou comparar o sistema português com o sistema suíço? Também o posso fazer, mas tem mais lógica que compare português com português. Além disso, comparar ocom o sustema suíço corrobora a minha opinião. Eu não represento o todo, o que quer dizer que o todo também não me representa a mim...

Na primária eu tinha aulas das 8h à 1h. Intervalo pelo meio. Um dia por semana com religião e moral (não era assim que se chamava, mas andava lá perto). Tinha música e o professor organizava umas aulas de futebol (era tão fixe jogar à bola de saia!!!!!). Ou seja, eu tinha de tudo um pouco, de forma desprendida. E à tarde: casa! Era o meu tempo. Fazia o que queria e não fazia os trabalhos de casa de matemática. Não estava lá enfiada, sentada. Quando aprendi inglês no quinto e sexto ano safei-me muuuuito bem. Eu era das melhores alunas, não fosse eu ter boicotado uma aula de inglês no quinto ano (falta a vermelho!!!!), teria tido 5, que chegou finalmente no sexto. Assim... as AEC não me fizeram falta.
Mas o exemplo máximo é o meu irmão: quem o ouve falar pensa que ele é bilingue. Não aprendeu inglês comigo durante a primária (eu sou mais velha). Não teve gramáticas. Não teve dicionários caros. Não teve explicações. Um dicionário de bolso da Porto Editora, os manuais e o currículo que toda a gente teve do 5.º ao 11.º ano. Mais nada. E fala como gente grande. Eu nunca assumo isto à frente dele, porque ele é um vaidoso de primeira apanha, mas ele é mesmo bom!
Sim, eu sei que o meu irmão não é a regra. Mas é um dos pontos que me faz ter a opinião contra.

Outro argumento também tem a ver com o meu irmão. Há cinco anos ele foi professor de inglês nessas coisas lindas de AEC!! Ele ainda nem a licenciatura em Marketing tinha acabado. Não tinha diploma passado pelo British Council (é isso que é equivalente ao Goethe e ao Camões não é?). Mas foi dar aulas em duas escolas primárias. O meu irmão fala muito bem inglês, mas não sabe ensinar (eu "traduzia" os ensinamentos de informática dele para a minha mãe). O meu irmão é inteligente, mas simplesmente não sabe transmitir conhecimentos. É o seu handicap, como se diz agora. Assim... acho que não preciso de continuar a falar sobre este ponto para se perceber por que raio eu acho que essa coisa, de modo geral, é só para encher balões.

A minha colega ainda disse que os pais agradecem. Claro, têm babysitter de borla... Mas se essa coisa de ser pago for para a frente... Quantos pais vão agradecer?!?!?

Honestamente acho que se está a sobrecarregar demasiado os putos. Têm que saber inglês e música e mais não sei o quê. Como se todos venham a ser directores executivos de uma multinacional ou a pertencer à Orquestra Sinfónica de Berlim. Se calhar era melhor ensinar menos, mas melhor. Ensinar-lhes a a excelência e não a quantidade, a grandiosidade e não a grandeza.

Mas isso sou eu que não percebo nada, que não estou em Portugal, que não estou nas AEC e mais uma data de coisas que não foram ditas pela minha colega, mas ficaram subentendidas.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Os dois lados (dolorosos) da mesma moeda

Quando tinha 4 anos estive internada com uma broncopneumonia muito complicada. Lembro-me de alguns pormenores. O quarto da clínica tinha duas camas: a do doente, tamanho normal e uma pequena, do acompanhante, onde eu fazia questão de dormir. Uma vez o jantar ou o almoço era fígado com batatas cozidas e eu não quis comer. Parti o meu copo de lavar os dentes que tinha uns bonecos. Lembro-me de ter que beber leite de pacote, por uma palhinha, para uma sonda me entrar pelo nariz. Era desconfortável e o leite de pacotinhos nunca mais foi saboroso. Mas o que poderia ser mais perturbador desapareceu. A minha mãe diz que eu tinha que levar umas injecções diariamente que eram uma tortura para mim. Segundo ela, um dia pus a mão negra a uma enfermeira de bater com os pés para me denfender. Era três por dia... mas não me lembro disso.
E não me provocou medo às injecções ou seringas. Tanto que no tempo em que era preciso um atestado médico para o imigrantes entrarem na Suíça, cheguei a acompanhar o meu pai numa ida ao laboratório. E lá eu estava disposta a dar sangue só para receber uma seringa.
Fui dadora de sangue durante muito tempo. Nada! Não tenho problemas com sangue, seringas ou agulhas.

Mas na hora em que preparo a pen da injecção. Dói-me tudo. Monto a agulha que fica escondida (ela só se vê depois da injecção feita, quando se puxa para fora da perna), desinfecto a perna (os toalhetes embebidos em álcool estão sempre gelados). Sempre muito encolhida. Respiro fundo vezes sem conta. E sinto uma solidão daquelas nesses 3 ou 4 minutos (a sério que não é mais, desde preparar a pen até a fechar com uma tamap de segurança), cheia de medo. Como se eu sempre tivesse tido problemas com agulhas, médicos, sangue...

O tratamento faz-me bem. Nunca mais tive crises desde Janeiro. E as que andavam a moer há muito tempo regrediram praticamente para zero. Mas o tratamento dá cabo de mim de um modo que não sei resolver.

domingo, 5 de maio de 2013

Então digam a verdade...

Às vezes, eu também digo que está tudo bem quando a realidade é bem diferente. Digo isso porque não me apetece falar, porque quem pergunta é só um abelhudo, porque estou tão mal e não consigo falar. Claro que é bom quando alguém percebe que não estamos bem e nos dá mimos, apoio e por aí fora. Mas se eu digo que está tudo bem e os outros não percebem que é mentira... não recrimino ninguém. A "culpa" é minha se não entendem...
Agora, se dizem que está tudo bem e esperam que os outros adivinhem. Vão dar uma volta. Se querem um abraço, um beijo, uma palavra de conforto... sejam directos, claros. Porque o outro também pode estar a ter um dia menos bom e não conseguir ler nas entrelinhas (também pode ser uma pessoa pouco perspicaz!!).
Só podia ser num FB de gaja que uma coisa destas iria aparecer... Não entendo... mentem e querem que os outros saibam. Odeio esta gente que tenta fazer charme...

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Ah! As verdades que não me deixam ir para cama...

Eu juro que ia para desligar o computador e ir para a cama. Mas no livro das caras saltaram-me umas quatro ou cinco verdades, umas atrás das outras, difundidas pela mesma pessoa... eu não me contive, tive que comentar...

Uma era a da imagem. Eu adoro a última frase. Aquela vírgula! Sexy! :D

Mas gostei muito mais de uma outra que, em bom português e num fundo a parecer uma nota num telemóvel topo de gama, reza assim:
E se eu morrer? Imagina como seria, você me mandar sms sabendo que jamais seriam respondidos, me ligar sabendo que ia cair na caixa postal,iria me procurar nas redes sociais, cabendo que nunca mais estaria online, iria levantar pra ir atrás de mim com lágrimas nos olhos sabendo que jamias vou estar ali, imagine o mundo sem mim, e me diga faria aguma diferença pra você?
Entre parêntesis aparece um nome de homem com o mesmo sobrenome do cantor que tem uma canção chamada Ana Luiza (cá entre nós quem escreveu aquilo foi uma gaja desocupada, que pôs assim o nome a baralhar quem lê... que pensa que foi um poeta profundo que escreveu aquilo, mas o cantor já morreu há quase vinte anos).

Se algum dia eu andar a mandar sms para alguém que eu sei que está morto... internem-me! porque isso não é sinal de muita saúde!!!!!!! Se querem saber se fazem a diferença, basta ir de fim-de-semana. Na Segunda, se fizermos a diferença, alguém nos dirá.
No fim de morta, estou morta, não quero que andem à minha procura nas redes sociais. Já tenho pensado em escrever as passwords e um recado para anularem as minhas contas nas redes sociais, no caso de eu me finar. Estranho, eu sei, mas ao mesmo tempo prático para quem fica! E quem não souber na hora escusa de pensar que eu sou uma mal-educada que não dá notícias... É que toda a gente sabe que do outro lado não há computadores... :D

Eu quero é que me procurem enquanto estou viva, que me mimem, que me digam que gostam de mim, que fiz falta quando estive doente e não fui trabalhar. Que me sorriam com sinceridade quando me vêem (é a mlhor coisa do mundo!). Quando estiver a fazer tijolo procurem outros vivos... Não sejam mórbidos!

Eu nem devia gozar muito com a questão. A pessoa que difundiu isto até que gosta muito de mim. Passava a vida a carregar em Gosto para toooooodas as minhas publicações. Se eu morrer, vou fazer-lhe mesmo muuuita falta...

Ai a barrela que aquele livro das caras precisa... 40 pessoas é uma multidão!!! :s

Shopping...

Ontem à tarde, enquanto estava à espera do autocarro para vir para casa é que reparei bem no meu saco de compras...
Está um tempinho da treta, as cores apareceram, mas continua muita coisa castanha e sem vida. Assim, pionias (há quem diga peónias) para alegrar a casa. Alho francês para a sopa. Pão, espargos e mais tralhas para o feriado. É que por aqui os supermercados estão fechados. Há um na estação de comboios da cidade, outro no aeroporto, outro na estação de comboios de Zurique, mas são para as urgências, menos artigos, menos marcas... porque feriado é feriado, sendo dia santo de guarda ou não...
Um post indicado para o dia de hoje. Dia do trabalhador, em que estou em casa de papo para o ar, eu que trabalho num supermercado. E hoje que faz um ano que numa cadeia de supermercados que jamais faz promoções como os seus concorrentes... pessoas quase se matavam... por quê? por quê? por uma promoção!!!

De médico e louco...

Deu-me para procurar informações sobre medicinas alternativas (ou complementares, eu nunca sei... andam sempre a mudar os nomes às coisas) que ajudem, possam ajudar, que se pense que possam ajudar na travagem da esclerose múltipla (não penso em cura, penso só em não-progressão).
Dei com um blog que tinha lá de tudo... copiam-se os artigos sobre coisas que fazem bem e cola-se e já está... resultado... aquilo parecia uma compilação de bruxedos e mesinhas...

Dei com uma outra página de um gajo... deu-me vontade de o espancar...
Um paciente não se pode expôr ao Sol, na praia, entre as 11h e as 16h. Eu pensei que era toda a gente... Se tomar banhos de Sol deve ser só de manhã ou só à tarde. Em completa nudez. Sem adereços. Sem protector solar. Hidratar a pele com creme neutro de bebé. Ou seja... além de se ter esclerose múltipla, ganha-se um cancro de pele como bónus!

Fazer exercício pela manhã em jejum. Ou seja, antes de começar o dia já se está a ter uma quebra de tensão.

Não se pode comer gelados. Não se pode comer gorduras. Não se pode usar sal. Não se pode beber café. Não se pode comer todo o tipo de cadáver de mamífero e peixe com pele.
Ou seja... tem-se esclerose e uma depressão por não se poder aproveitar o prazer de um café de vez em quando.
E cadáver de mamífero?!?!? Huh?!?

Só se pode comer peixe cozido sem pele. E na panela de pressão. Sempre ouvi dizer que os alimentos deveriam ser cozinhados devagar. Agora... cozer peixe numa panela de pressão. Só se for tubarão e mesmo assim... não sei se a sua carne será assim tão dura que não se desfaça ao fim de cinco minutos...

Agora a medicação:
Deitar 1cm de argila verde em pó num copo com água, todas as noites, e beber o líquido de manhã, em jejum, deitando fora a argila depositada (se ingerir um pouco, por descuido, não faz mal). Incluir sempre um pouco de cebola crua em pelo menos uma refeição ao longo do dia. Uma vez por semana, mastigar cerca de 2cm de talo de couve crua (galega ou semelhante). Manter a medicação a que se está habituado, até comprovar poder prescindir-se dela, mas reduzir ao máximo possível todos os analgésicos.



Não vejo onde é que cebola e um talo de couve são medicamentos. E gostava de saber que efeito têm as couves na estagnação da doença. Ou será que são as couves em conjunto com os electrochoques que ele recomenda... Ele que os leve. Enfie um electrodo num sítio que eu cá sei... a ver se gosta das teorias...

O melhor que o meu médico me disse foi para eu não mudar o meu estilo de vida. A sério... quando comecei a assimilar que tinha que viver com esta merda, comecei a deprimir com a hipótese de ter que cortar com certas comidas, bebidas... ele disse-me  és nova, a doença está num estádio "bom". Tens que assimilar a doença, a medicação e os efietos secundários. Mudar o teu estilo de vida seria mau. Mantém-te como estás. Se for preciso fazê-lo no futuro, logo veremos como é. 

A sério... esta gente que vem para rua com cada teoria... já desisti outra vez de procurar informação... é que este... de médico... não me parece... e eu desanimei!