quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Agarra, que é ladrão

Ai!! Pouco faltou para eu fazer isso hoje.
Um otário quis comprar um livro de receitas que custa 9,90€, na Alemanha. Mas como estamos na Suíça, o preço é diferente e é em francos. Pois ele agarrou no livro, deixou metade do valor e fugiu. Eu ainda fui atrás dele, mas tive que desistir porque o estúpido se aproveitou do facto de eu estar sozinha na loja. Ele até com a polícia me ameaçou. Eu disse-lhe que o fizesse, mas o Arschloch fugiu e eu fiquei a arder em 7 francos.
Esta gente tem cá uma mania!!!!!!! E não venham com a treta dos suíços serem careiros. Os preços são estipulados no país de origem. Nós não temos nada a ver se a revista Spiegel custa 7 francos e qualquer coisa na Suíça e na Alemanha só  se pagam 3 euros e pouco. Reclamem na Alemanha, já que a revista vem de lá...

Se formos a ver bem, o preço varia até dentro do Euro... mais uns cêntimos na Áustria, ainda mais uns cêntimos na França, muitos mais na Espanha ou em Portugal... assim, deixem os lojistas em paz, reclamem com as editoras e, já agora, não roubem os vendedores...

domingo, 25 de janeiro de 2015

Manias de pseudo-realeza

No quiosque, como seria de esperar em sítios onde se cruzam muitas pessoas, de muitos credos e culturas há histórias de partir o côco a rir e de ficar com lágrima no canto do olho.
Hoje conto uma que já se passou há um tempo, mas que me faz rir como se fosse no primeiro momento.

Certos jornais que vendemos são os impressos na hora. Ficam em tamanho A3 e só são impressos por encomenda ou momento em que o cliente chega à loja e vê que não há o que quer.

Uma inglesa completamente snob, com manias de rainha, disse que não queria nenhum dos jornais ingleses apresentados. Eram todos de má qualidade, disse ela. E que vou eu fazer?!?!? Se a maioria dos clientes só quer aquilo é aquilo que temos... no fim do rosário dela apresentei-lhe a hipótese de imprimir. Que não! Então tenha um bom dia, despedi-me eu. Passado uns minutos, eis que volta sua highness. Ah afinal quero imprimir. O que é que tem?!. Mostrei-lhe e ela lá se decidiu por qualquer coisa que supostamente tinha  mais qualidade. Disse-lhe que tinha que aguardar. Ela aceitou e eu virei-me para outro cliente.

Mas nem no segundo ia e já estava ela a torrar-me a paciência... Back in my country,começa ela, in England, acrescenta, como se eu não tivesse  percebido pelo sotaque... xiiiiiiiii o que virá por aí????, pensei eu.

Pois bem, no país dela, a Inglaterra, parece haver uma lei que obriga a que se tenha uma cadeira em qualquer estabelecimento em que um cliente tenha que esperar um pouco. So... where is the chair?!?!

Eu tentei argumentar que era estrangeira e não conhecia as leis suíças. Como não funcionou, usei o argumento infalível: sou nova aqui. Mas acreditam que nem isso funcionou?!?!

Eu estava desesperada para que o jornal acabasse de imprimir, pois além de estar farta de a aturar estava quase a responder-lhe torto!!!

Quando finalmente me livrei do encosto comentei com a chefe. A resposta dela foi genial: que vá para o lounge da estação (tem que se pagar para lá estar!!!).

Com esta me fiquei e percebi que apesar de se dizer por estas bandas que o cliente é rei (equivalente ao nosso: o cliente tem sempre razão) a minha chefe não liga a monarcas, mesmo que venham de verdadeiras monarquias... :D

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Novas do Absurdistão

Isto anda tudo tolinho... hoje de manhã no jornal vinha uma notícia ridícula: um miúdo de cinco anos preferiu ir ver os avós do que ir a uma festa de aniversário de um colega. Agora os pais do aniversariante pedem uma espécie de indemnização, como os pais do outro não querem pagar (com toda a razão!!!!), os otários querem levar a coisa à justiça.
No entanto a estupidez suprema veio num jornal vespertino. Uma mulher que matou um rapaz e deixou outros dois bastante feridos resolveu pedir uma indemnização às vítimas. Não, não troquei o sujeito da frase com objecto da frase. A senhora chanfrada, do Canadá, sente-se no direito de pedir uma pipa de massa às famílias porque está com um "trauma emocional". Eu pergunto-me como estarão as famílias. Ou até o morto... esses, ao pé dela... nada... não têm nada...

O mundo está completamente desalinhado!

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Je veux Charlie

Até Novembro passado eu nunca tinha ouvido falar de Charlie Hebdo. Ao arrumar os jornais todos os dias é que descobri a publicação e foi num desses dias que vi oanúncio à edição especial sobre a história do Menino Jesus. Não sou uma puritana, mas não gostei da imagem que vi e por isso ignorei completamente o assunto.
Por causa da tragédia da semana passada todos os dias tenho ouvido falar do jornal, de manifestações, de direitos, de liberdade de expressão, de tudo e mais alguma coisa.

Hoje tive que explicar a centenas de pessoas que o Charlie só chega na próxima Sexta às bancas suíças. E já decidi levantar-me de madrugada só para ir ver como vai ser o cenário à porta do quiosque.

Mas a minha grande questão é: esta gente que não saber ler francês, esta gente que não percebe nada de sátira, esta gente que não percebe de polítca, que não sabe distinguir um muçulmano de um jiadista, em suma, esta gente que nunca ouviu falar do Charlie Hebdo, mas quer comprá-lo custe o que custar... seria esta gente capaz de lutar por liberdade de um povo?! Seria capaz de lutar pela liberdade de expressão que tanto invoca?! Seria esta gente capaz de fazer alguma coisa?! Ou querem o Charlie Hebdo porque está na berra?!

Não será que.. este jornal, bem como as questões levantadas estes dias... para mal da humanidade, não vai ser tudo esquecido?!?!

Não seria melhor não ter o jornal, mas ter coerência de acções?!?!

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Olha eu a citar Pessoa

Há quem lamente o facto de eu não exercer a minha profissão porque acha um absurdo eu ter estudado tantos anos para depois ficar a ver navios. Outros ainda lamentam que eu não seja professora porque consideram que eu até tenho jeito para os miúdos. Mas também há quem lamente que eu trabalhe num quiosque porque têm vergonha de ter uma amiga licenciada a trabalhar num quiosque.

Ora bem, eu  não posso obrigar ninguém a estudar português de Portugal por estas bandas. E recuso-me a falar de novo no sistema na Tugolândia. Toda a gente sabe como está, não é preciso chover no molhado!!!

Deste modo, tenho que me sujeitar a trabalhar onde me aceitem. Claro que há a hipótese de voltar a estudar. Mas, eu preciso de comer. Já acho frustrante ter que viver com a minha mãe, agora voltar a receber mesada dela... seria hilariante!!!! Como não me sai a porra do euromilhões e não tenho marido que me sustente... mantenho-me a trabalhar. Se para a frente me sentir com vontade e encontrar uma forma de conciliar estudos com trabalho... quiçá...

Até lá trabalho no que me dê dinheiro e que me interesse de algum modo. Por isso me candidatei ao quiosque.

Vendemos jornais de todo o mundo. Só nas publicações diárias encontro pelo menos três alfabetos diferentes e umas 10 línguas. Claro que se falarmos de impressão na hora (imprimimos os jornais que o cliente quiser em tamanho A3, sem suplementos)... chinês, japonês, sueco, do Brasil, dos EUA...
Depois há a publicações periódicas com temas que vão da costura à haute couture, dos modelos de avião aos carros de colecção (há uma revista que custa mais de 100 francos!!!!!). Revistas de história, de ciência, de cusquices, de lésbicas, de homossexuais, de tatuagens, de música, de cannabis, de sudoku, de sátira (sim, Charlie Hebdo incluído), de palavras cruzadas. Sobre camiões, caravanas, motas, comboios, eléctricos, sobre o dia-a-dia. De comida, de dietas, de decoração. De crianças, de adolescntes. De manga, do Lucky Luke. De miscelâneas, de computadores. Com nomes estranhos, com nomes parecidos. Bimensais, anuais, de quartais. Há lá um canto que tem uma 10 revistas muito semelhantes, tanto em tema como em nome.  Ainda não tive tempo de perceber a razão do fenómeno, mas que me baralha... lá isso, baralha!!!!

Além dos mais de 2000 títulos de publicações deste género ainda há os livros. Adoro as Quintas-feiras. É o dia em que temos que mudar as prateleiras com os livros da semana. Sinto-me nas minhas sete quintas. Claro que isso faz com que eu acabe a cair maisem tentação, mas... ler é bom.

No entanto, que eu realmente acho engraçado são os cigarros. Soft, box, mild, 100's, slim... quem diria que para uma pessoa se matar poderiam existir tantas formas, sabores, tamanhos e preços?!?

Por fim, há os clientes. Há lá um que é tão especial que até grande vaca já me chamou. Mas quanto mais ele resmunga, mais eu demoro a controlar as raspadinhas dele. Se é viciado, que se trate, não ande a enfernizar a vida de ninguém. Só que para compensar este há outros muito carinhosos, atenciosos e educados. Há ainda as gorjetas e as histórias quenos levam às lágrimas de tanto rir.

Assim, se o Fernando Pessoa escreveu um poema com o nome Tabacaria em que o dono da tabacaria até sorri, por que raio não hei-de eu também sorrir por trabalhar numa tabacaria?!?!

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Há um quinto de estrela para hóteis?!??!

Não, não foi o descaramento da chefe que me levou à decisão de me despedir.
Oficialmente, o hotel é de quatro estrelas, mas no que diz à limpeza, nem meia estrela merece.

Oh gente porca!!!! Não, não estou a falar dos clientes. Estou a falar mesmo da equipa de limpeza. Aquilo está tão entranhado que ando há dois meses para tirar bolor das sanitas!!!!! Eu ainda não percebi.... os clientes são cegos?!?! Ou são ainda mais porcos?!?!

Claro que quiseram saber por que raio me ia embora. No fim de lhes dizer que o nível de limpeza estava abaixo de motel de beira de estrada resolveram andar a ver se era verdade o que eu dizia. Confirmaram que sim, que era verdade.

Então a recomendação da directora do hotel hoje: ah para limpar o bolor de dentro da sanita pode-se
usar o esfregão, é como eu faço em casa.

Eu também uso um esfregão em casa (normalmente uma esponja velha da cozinha, porque o calcário, nesta terra, só com esfregões!), mas... um para a sanita e outro para o resto da casa de banho e outro para a cozinha. Agora... com aquele esfregão tem que se limpar: os copos da água, os copos da casa-de-banho, os lavatórios, os duches (eu dou a volta, para os copos uso um pano de microfibra) e agora o interior das sanitas que são usadas por centenas de rabos por ano?!??! Estão a falar a sério?!?!? A directora?!?!??! Se a directora é assim, como hão-de ser as empregadas?!?!?

Depois admiram-se que os clientes andem a filmar os exaustores das casas-de-banho e reclamem da imundice!!!!! (TRUE STORY!!!!!)

Eu a trabalhar e as outras a laurear a pevide?!?!

Há que tempos que não escrevo nada por aqui. Além de ter tido muito trabalho (não é um queixa, é simples constatação), a minha Maria resolver dar uma queda na neve e rebentar uma mão e lá ando eu de enfermeira/auxiliar doméstica.

Desde Novembro que tenho dois trabalhos a tempo parcial. Um num quiosque (genial!!!) como vendedora e num hotel como empregada de limpeza. Teoricamente, também deveria ser genial trabalhar lá, mas como eu estou habituada a conviver com seres humanos e não com porcos... já me despedi. :p

Mas resumindo as coisas desde o pratrásmente (advérbio de tempo que quer dizer "para trás").
A croma da chefe tem 23 anos de idade e 0 de experiência do que quer que seja. Pensava que me passava um atestado de estupidez como faz a outra portuguesa que lá anda e que eu ainda lhe agradecia.
Ela tinha despedido uma empregada às três pancadas "só porque sim", estava desesperada por ter uma substituta no início de Novembro e tentou fazer com que eu esquecesse o que tínhamos acordado:que eu trabalharia em função do horário do quiosque. Num acto de desespero, vira-se ela para mim: que raio de chefe tens tu que só faz planos para cada semana?!? A chefe do quiosque não faz planos para cada semana, mas sim para cada mês. Simplesmente teve o azar de ter uma data de empregados doentes ao mesmo tempo, o que lhe condicionou muito a vida.
Agora pergunto eu:  que raio de chefe é ela que despede uma pessoa por birra e sem ter uma substituta!?!?!

Mas o descaramento dela não fica por aí. Não é que ela me pediu para eu pedir folga no quiosque para poder trabalhar no hotel para ela poder ir para a festa dos trabalhadores?!?!!?! Pedir folga para gozar folga, sim. Pedir folga para ir ao médico, sim. Pedir folga para eu ir trabalhar para outros irem para a farra... isso já é demais!!!!!!