sexta-feira, 31 de julho de 2015

Es ist schlimmer geworden.*

Há uns anos comprei uma placa que achei engraçada. Está em alemão e traduzida de cabeça é qualquer coisa do género: E veio uma voz e disse: riam-se e continuem a gozar, porque virá pior. Nós rimos e gozámos e veio pior. Pois bem!!! Veio pior!!!
A croma da Y. supostamente está doente. O meu chefe, à papo-seco, arranjou uma colega nossa para a substituir. Eu devia ter trabalhado até às 20h e aqui estou eu, 23h, a caminho de casa...
Depois das 20h ficámos só duas. Lindoooooo!!!! Aconteceram problemas com envio de dinheiro e lá andei eu a ligar para Marte para ver se resolvia o problema. Pois sim... a sorte é que os clientes foram simpáticos e perceberam que o problema não era nosso , por isso, não nos chatearam muito. No entanto, com telefonemas, faxes e emails para trás e para a frente, o trabalho normal ficou atrasado e/ou por fazer. Resumidamente: uma bosta de dia.

No entanto, o dia conseguiu ficar ainda mais estranho com a minha colega de trabalho... Eu sei quanto custa chegar às 5h45 da matina e ter o trabalho atrasado. Então resolvi deixar um bilhete às colegas da manhã a pedir desculpa. A culpa não foi nossa, mas eu sei que sabe bem ver um bilhete do género. Ui... que fui fazer?!? A minha colega alucinou, que eu não tinha que pedir desculpas, que eles podiam ver nas câmaras (nem precisa, basta ver o valor do fecho de caixa e vê-se que foi sempre a andar) e por aí fora. Eu disse-lhe que não era preciso, mas que eu achava simpático. E quando ela disso nós não precisamos pedir desculpa de nada. Eu rematei a conversa com por isso é que só tem o meu nome. Por acaso não era por isso, simplesmente eu não ponho o nome dos outros sem autorização, mas no caso... serviu bem.

Ah!!! Andam de turno para turno reclamar. Assim, as da manhã sabem que o dia foi mau. Não reclamam tanto. Além disso, se reclama que falta gente ao fim do dia, ficando um recado de vez em quando, pode ser que chegue aos ouvidos de quem interessa e passemos a ter gente suficiente para fazer o fecho... ou estarei eu a pensar mal?!?!?!?

Preciso de um banho.

* Ficou pior.

Visp

Como seria de esperar, Visp está enfiado no meio dos Alpes. A terra de Joseph Blatter fica no cantão Wallis (Valais, em francês). Um cantão no Sul, onde se fala o francês e o alemão. Quer dizer... um dialecto  incompreensível que os suíços do Norte acham simplesmente incompreensível... (sim, duas vezes incompreensível) :D :D :D
Na cidade de Visp fala-se alemão e depois, lá vêm as incongruências, o nome lê-se como em português. A ser uma paranóica, derver-se-ia ler algo como "Fisp" (v=f , em alemão!).

Uma pessoa que ia comigo disse, ah. acabaram as balas e resolveu resolver tudo à paulada. Sinceramente, é a única explicação para a forma como o boneco agarra na arma...

Casas estreitas, antigas, estranhas...
Mas mesmo, mesmo, mesmo, meeeeeesmo estranho... só nome da escola primária de Visp. Os nomes de família por aqui são como em muitos outros países, pertencem a regiões específicas do país. Blatter pertence a Visp. (Numa outra casa havia uma placa que mencionava um Blatter de 1500 e troca o passo.) A escola é mesmo em honra do presidente da FIFA. No coments!

 
Igreja de S. Martinho, por dentro, por fora, com uma varanda espetacular. Outra coisa engraçada é que por baixo da igreja havia outra igreja, ou capela ou assim. Mas como estavam num baptizado, não me fui armar ao pingarelho... para a próxima. :)


Supostamente, a casa de pedra por trás da casa de madeira (na segunda foto) é que é conhecida. Chama-se Meier Turm e tem lá uma espécie de museu. Mas... santa paciência... a casa de madeira é muuuuuuito mais gira. E se olharmos para as janelas, percebe-se que deve ser um conforto brutal lá dentro...
Aqui estamos de volta à zona da igreja de S. Martinho. A fonte com uma representação do santo e a escadaria que dá acesso à parte da igreja que pude ver. A casa paroquial. Dando a volta no sentido dos ponteiros do relógio, temos o tribunal. Tem algo de árabe, pelo menos de Sul de Espanha, ou é impressão minha?!?! Continuamos a dar a volta e temos a junta de freguesia que junta a esquadra da polícia e, pelo menos, a sirene dos bombeiros (a maior parte da vezes fica nas escolas). Ou seja, uma praça que reúne todos os poderes. :)


Mais detalhes da terra. mas uma porta destas... com uma fechadura destas... também quero!
 
Também esta igreja tem uma capela (ou cripta, não sei como a catalogarão) por baixo. A Dreikönigskirche (igreja dos Três Reis [Magos]) teve a primeira pedra colocada por volta 1220. depois lá foi evoluindo, com torre, cripta, passou por um terramoto em 1850 até levar obras de restauro já no século XXI. Não é a igreja mais bonita do mundo, mas também não nos podemos queixar.
Não é Viseu, mas há algumas rotundas em Visp. A que mexeu mais comigo foi aquela com as fotos dos putos com armas na mão. Lá está, é terra de atiradores, aqui é normal os putos participarem em concursos de tiro... mas NÃO é como nos States!!!!!!! Os miúdos não podem ter armas em casa. Os pais que vão à tropa podem levar a arma para casa (e devem devolver a arma no fim do serviço militar), os adultos sem problemas legais podem arranjar uma arma com respectiva licença, mas os putos... só nas escolas de tiro e devidamente supervisionados. Mas mesmo assim... não deixa de ser sinistro ter as fotos dos putos numa rotunda...

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Krawalle

Esta semana tem sido castiça. Ou então não.

Na Segunda, ficámos presas no trabalho até à meia-noite, porque uma porta não fechava. Tivemos que esperar pelo piquete para mudar as pilhas da fechadura. Siiiiiiim!!!! Há fechaduras que levam pilhas!!!!! (Para activar o alarme).

Ontem estava de folga, podia fazer alguma coisa de interessante.... choveu o dia todo!!!!

Hoje tive que ir mais cedo para falar com o chefe por causa da croma que abre pacotes de toalhetes, mas não gostei da conversa. Desculpou-a porque pode ser cultural. Quêêêêêê?!?  Ele é croata, ela é sérvia. Ele não faz o que ela faz. Por isso, ele quer mesmo que eu acredite que é cultural?!?!?

Mas pronto, o ponto alto da tarde foi depois da minha pausa. Durante a tarde houve um comício do partido de direita suíço. Fui fazer pausa, tudo normal. Menos de 15 minutos depois, já estava eu a correr para dentto da loja. Ver os polícias a alinharem de repente, e a virem os cães, as pistolas de balas de borracha... eu não queria estar na rua. Nem cinco minutos depois estala o caos. Um gás cor-de-rosa giro no ar e estava tudo estragado. Portas  bloqueadas. Clientes na rua pela "porta do cavalo". Luzes apagadas, do género "não está cá ninguém".

Pouco depois passou o caos maior (aqui a polícia... quase que são mais que os manifestantes), reabrimos a loja, mas... o gás pimenta ficou no ar.

Subi as escadas a correr, quando cheguei à portado meu prédio. Nunca me despi tão depressa para me enfiar debaixo do duche...

Se hoje é Quinta... que mais me falta acontecer até Sábado?!?!

quarta-feira, 29 de julho de 2015

gente ignorante é outra coisa....

Do you speak english?
Falo português.

Eram três ou quatro turistas que tinham acabado de entrar na loja. Como os ouvi a falar, achei mais lógico falar-lhe em português. Queriam saber como era o pagamento em euros. Disse o que digo a toda a gente: aceitamos notas e damos o troco em francos. Como pensei que estavam a chegar, recomendei-lhes uma casa de câmbio.
Passado um pouco regressaram e eu percebi que fizeram uma asneira do caraças. Foram fazer um câmbio só para comprar postais. Receberam troco na mesma em moedas... se tinham comprado logo com  euros não pagavam taxa de câmbio!!!!!!
Mas pronto... já estava, já estava.
Entretanto lembrei-me de me oferecer para usar o desconto de funcionário. Nunca me tinha lembrado e nem é que eu o possa fazer. Mas se falo em português, ninguém entende... e ninguém me chateia. :)

Mas o facto de as minhas colegas não entenderem é bom por outros motivos. Um deles é não ficarem a pensar que somos a nação mais estúpida do mundo!
Enquanto fazia conta dos postais, perguntei se uma delas queria selos. Hesitou na decisão. Não sabia onde se encontravam os marcos do correio. Não sabia se tinha tempo para escrever e enviar antes de seguir viagem. Tudo normal.   Mas depois... lixou tudo...

ah não se pode mandar de outro país, pois não?!?! 

É o quê?!?!?!?!?!???! Eu fiquei estrábica dos ouvidos surda dos olhos... quem é que anda a viajar pela Europa e não sabe que não se podem mandar cartas num país usando selos de outro?!?! Fogo... eu sempre fui muito inteligente e com uma cultura geral do caraças...

Só sei que, naquele preciso momento, amaldiçoei o momento em que ofereci o desconto. Ninguém tão burro merece uma atenção dessas!!!!

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Dos mitos e da História

 A minha volta por Altdorf e Andermatt foram originadas por uma pedra e uma ponte do diabo. É sério!!!

Reza a lenda que o povo de Uri tentava construir uma ponte por cima do rio Reuss. Como não estavam a conseguir, viram-se obrigados a fazer um pacto dom o Diabo. Siiiim, os helvécios venderam-se ao demo!!!!
O trato era muito simples: se o Belzebu os ajudasse, ele tinha direito à primeira alma que atravessasse a ponte. Dito e feito. O Coisa-ruim deixou que a ponte se construísse. E os moços deram-lhe uma alma como pagamento.
Só que a coisa tinha um pequeno senão... a alma que lhe deram não era exactamente o que o Chifrudo estava à espera... os habitantes de Uri, depois de servidos, fizeram uma cabra passar pela ponte... quase como receber um pagamento em géneros quando se estava à espera de dinheiro... ooops!!! :D

Então, o Tinhoso, enraivecido, pegou numa pedra gigante e atirou-a em direcção à ponte. Mas, por sorte, o basebol ainda não tinha sido inventado e o Sarnento falhou. :D

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Agora a verdade... Tentava-se ligar o Norte ao Sul, pela zona do passo do Gotardo (Gotthardpass) e para isso se criou uma ponte no Schöllenenschlucht (será qualquer coisa como a Garganta de Schöllenen). A primeira surgiu por volta de 1230  e era de madeira, que foi substituída por uma de pedra por volta de 1660. Mais tarde construi-se outra de pedra (1880) e a primeira ficou ao abandono. Como nem sempre tudo corre bem, a ponte caiu (1888), levando a uma reconstrução.
Depois construíram a linha de ferro que levou a outra ponte... Depois construíram uma estrada que levou a um túnel e consecutivamente a outra ponte...
E cheguei a um ponto que já não tenho a certeza de quantas pontes, de que tipo e em que datas foram construídas! Assim, passemos aos dias de hoje...

Neste momento, existem três pontes do Diabo (Teufelsbrücke). A mais pequena, mais baixa e mais antiga é, hoje em dia, só atravessada a pé. Outra, passando por cima da pequena, serve de ligação por estrada entre Andermatt e o resto do mundo (depois das curvas!). Um pouco mais elevada e desviada está a ponte da linha de ferro que serve Andermatt (e outras zonas) com comboio de cremalheira.
Tanto a linha de comboio como a estrada obrigaram a abertura de túneis .

Engraçado é que também existe a pedra (Teufelstein) que o diabo "atirou" à ponte. Mas o que realmente é engraçado é o que fizeram ao pedragulho...
Na altura da construção da autoestrada do Gotardo, resolveram pegar no calhau e mudá-lo de sítio. Ou seja, em 1977, pegaram em 300.000 francos suíços e investiram-nos na deslocação das 220 toneladas do calhau uns 127 metros para o lado. Juro que esta parte, com ou sem diabo, é verdadeira.

Então aqui ficam as fotos...
Mesmo à saída da autoestrada, a cerca de 30 minutos de Andermatt (as tais curvas lá no outro post) vemos, encimada com as bandeiras suíça e do cantão Uri, a Teufelstein. Não entendo bem... as pontes caíram, este calhau está ali há mais de 30 anos e não se mexe daquela posição?!?!?

 
O rio Reuss é considerado um bicho tramado. Como não nado, não me interesso por saber se há zonas navegáveis ou de ir a banhos. No entanto, com a amostra das fotos... Parecia pouca água, mas fazia um barulho!!! E se olharmos para o desgaste das pedras, dá para imaginar até onde chega a corrente na altura do degelo!!!
 

 
Na foto abaixo vemos o Soworow-Denkmal (memorial Soworow). Erigido em honra dos soldados russos mortos em combate quando atravessavam os Alpes sob as ordens do comandante Soworow. O monumento foi feito no final do século XIX. Não sei, apesar de a ponte ser do diabo, este monumento é que tem um peso negativo enorme. Talvez por as coisas estarem escritas só em russo, talvez por ser uma escultura descomunal, talvez por outro motivo desconhecido, mas... aquilo... tem impacto sobre nós!
 
 
Agora a ponte... a pequena é mais antiga, a de cima a que se usa para passar de carro. Da ponte pequena dava-se a volta à montanha, sempre por fora (segunda foto). No entanto, neste momento é-nos permitido atravessar a ponte e passar por um túnel militar, já a parte de contornar a montanha a céu aberto... isso está interdito!!!


Esta casa já serviu de café. Não sei se estava fechado para férias, se só abre no Inverno ou se encerrou de vez. Mas vale a pena ver o fresco (ainda que muito esbatido) da representação do folclore associado a esta zona.
Na foto a seguira ponte nova vista de cima da ponte velha. Pormenor do diabo com a cabra pintados na entrada do túnel.

 Esta foto não parece ter nada de interessante, mas... debaixo da ponte vemos uma escada de metal (a subir da direita para esquerda). Essa escada é utilizada pelas pessoas que passaram pela ponte antiga, entraram na barriga da montanha por um túnel militar e depois querem chegar ao estacionamento feito ao nível da estrada.
Outro ponto interessante é uma porta (?) de grades que se pode ver na montanha, por cima do primeiro pilar, depois do túnel. Não sei exactamente para quê, mas aquilo também é militar.


Depois das escarpas e da agressividade do Reuss, as pontes de carros e pedonal vistas de outra perspectiva. 
 
Na seguinte consegue-se ver as três pontes ao mesmo tempo.
 
Agora... novamente o militar a entrar em acção... A porta de um bunker. E junto ao rio mais uma portinhola com grades. Eu sei que a Suíça está mais esburacada debaixo de terra do que no queijo, no entanto... sempre que vejo coisas assim ainda me surpreendo. Agora saber que ali na zona a actividade militar começou ainda no século XIX. Mais... caso necessário (ataque, guerra), podia explodir-se as pontes, pois é possível dar volta ao rio através desses subterrâneos todos...
 

 
Como disse antes, andar por estas zonas, faz-nos sentir... minis...

Sei que é um post do diabo, mas... para sintetizar tanto mito e tanta história numa coisa só... tramado!!!! Agora que o passeio de há duas semanas está concluído vou dormir. Amanhã ou depois quero colocar as fotos do passeio de hoje, que também teve o seu interesse...

domingo, 26 de julho de 2015

Andermatt

Andermatt é uma aldeia no alto da montanha. A pouco menos de 1500 metros de altitude é um destino de esqui no Inverno. No Verão, quando só há neve em sítios para lá de inacessíveis, torna-se num hotspot (palavra engraçada) para os malucos das caminhadas. Tem uma igreja, uma capela num alto, um clube de tiro, uns quantos hotéis e restaurantes e pouco mais. Não fui pela caminhada, nem hei-de ir pelo esqui (que eu não sou maluca nem rica para ir para uma estância de esqui). No entanto, também não dei como perdido o tempo passado lá.
 
Não, os suíços não são a favor das ursadas. (Touro-tourada, urso-ursada!!!). A fonte tem o símbolo de Andermatt, que é um urso e uma cruz por cima. Como é difícil fazer a cruz pairar sobre o urso... espetaram-lha no pêlo. :p
 
Imagens tiradas da frente da tal capela. (Somos mesmo pequenos!!):
 
 
Detalhes do interior da capela. Devo confessar que aquela mão ali a segurar no crucifixo me pareceu meio sinistra...

 
Tenho desenvolvido uma ocupação que pode ser vista como algo um tanto ou quanto sinistro. Mas... aqui os cemitérios parecem jardins, muitos são O adro da igreja. Por isso, dou comigo a deambular pelo jardim de paz (tradução literal de Friedhof, cemitério em alemão) e a tirar fotos às campas. Esta cativou-me bastante. Dá a sensação de eternidade e longevidade, mesmo no meio de montanhas, mesmo depois de morto. Como é óbvio protegi a identidade do morto e da sua família... (Na outra foto o interior da igreja a que o cemitério pertence).


 
Um urso campeão do desporto nacional suíço (Schwingen). Como sei? A roupa identifica-o como desportista de sumo helvético e a coroa é o símbolo da vitória, tal e qual os romanos! :D