sexta-feira, 5 de maio de 2017

Uma estreia

As companhias aéreas fazem de tudo para não pagarem os estragos nas malas. Nuns casos, são bem claras e dizem simplesmente não. Noutros, são mais enroladinhos e mandam os passageiros fazerem tantas coisas que muitos desistem de pedir alguma coisa.
Depois há os desocupados que resolvem chatear o juízo de quem trabalha.
Hoje apareceu-me uma alma do Inferno perto da minha hora de saída para me ensombrar a vida...
Abri-lhe a porta e mandei-o para o escritório na esperança que algum colega meu o atendesse porque eu até tinha um problema para resolver. Mas como eu sou uma sortuda... tive que o atender, pois estavam todos ocupados.
Ele tinha uma mala estragada, já tinha feito de alguma forma um relatório sobre isso, mas não estava satisfeito e queria sei lá o quê de mim.
A política daquela companhia é das mais simples e é igual a quase todas as companhias para as quais eu trabalhio: relatório, contactar a companhia aérea e fazer o que eles disserem. A nossa função no escritório é ver se a mala está mesmo estragada, fazer umas quantas perguntas sobre a mala e dar o contacto da companhia.
Mas ao que parece, eu não o estava a entender. Eu não percebia a língua. Eu devia ir para a minha terra. E aí entra o R. em acção. Sai do escritório, com o dedo indicador bem esticado (muito ofensivo nesta terra) e explode: você não fala assim com a minha funcionária.
Eu tinha entendido, mas de que adianta falar com atrasados mentais?!? Ignorei o cromo, acalmei o R. e acabei o trabalho. Por cada pergunta parva que ele fez, eu respondi correctamente, mas com um tom de arremedo. No fim, ele foi com o que veio, ou seja, nada de dinheiro para a mala. Mas ao mesmo tempo levou com um boa tarde que mais parecia vai-te catar. Eu sou bem educada. Quando quero ser brega, chego ao nível de carroceiro. Mas quando sou ácida corroo qualquer metal anti-corrosivo...
O azar do parvalhão é que me foi renovada a autorização de residência e daqui a precisamente cinco anos (o limite máximo de renovação) eu ainda posso estar a beber cerveja em qualquer parte da Suíça sem me preocupar com ele ou outro suíço racista...

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